Autor: Hayslam Nicacio

A psicoterapia é um método utilizado por psicólogos para tratamento de problemas de natureza emocional, existencial, dificuldades de relacionamento, fobias, e também para crescimento e desenvolvimento da personalidade.
O psicólogo é uma pessoa treinada para auxiliar sem julgamento, buscando, acima de tudo, compreender a pessoa que sofre para melhor ajudar. Normalmente, terapeuta e paciente sentam-se frente a frente para interagir durante a sessão. Na interação, é importante que o paciente fique à vontade para falar, sem receios, expondo seus conflitos e dificuldades de uma forma autêntica e espontânea.
Um desenvolvimento pessoal global e um maior autoconhecimento é sempre obtido com o tratamento, independente do que tenha sido o motivo da procura por terapia.
Se você nunca fez terapia talvez as questões abaixo possam te ajudar.
Qual é a duração de uma sessão?
As sessões têm duração de uma hora, podendo variar um pouco para mais ou para menos, dependendo das circunstâncias do atendimento.
Com que frequência preciso ir à terapia?
A frequência das sessões no início normalmente é semanal. Entretanto, este intervalo pode aumentar à medida que o paciente melhora, passando a ser quinzenal, ou até mensal. Quando o paciente sente que já conquistou uma boa condição psicológica para lidar com seus desafios, ou que seus sintomas diminuíram o suficiente, ou mesmo desapareceram, é o momento de receber alta do tratamento.
O psicólogo fica só ouvindo?
De forma alguma. O psicólogo ouve com atenção, mas também orienta, esclarece e manifesta seus pensamentos que podem ser úteis ao paciente.
Como o psicólogo pode me ajudar com meus problemas?
Esse é um questionamento muito comum. Muitas vezes as pessoas resistem a procurar ajuda porque afirmam que ninguém pode solucionar seus problemas, a não ser elas mesmas. E isso é verdade! Entretanto, quantas vezes nos encontramos em situações que desejamos resolver, mas não sabemos como! Com o auxílio da terapia é possível conhecer mais sobre si mesmo, compreender melhor a própria situação e os motivos que nos impedem de avançar. Existem informações a nosso respeito que não conhecemos, porque nos são inconscientes. É importante lembrar que o psicólogo se dedica ao conhecimento e compreensão das questões humanas, ficando, desta forma, em condições de ajudar o paciente a atravessar alguns caminhos da existência com boa orientação.
Mitos e verdades sobre a psicoterapia
Existem muitos mitos e verdades em torno do processo da psicoterapia. O equívoco mais comum é pensar que quem procura a ajuda de um psicoterapeuta está com sérios problemas mentais ou é louco. É exatamente o contrário! Pessoas com diagnóstico de psicose, como esquizofrenia, são as menos acessíveis à psicoterapia. Normalmente, as pessoas que mais se beneficiam da terapia são as que têm suas funções mentais e cognitivas mais ou menos preservadas.
Quem realmente procura psicoterapia?
Nos consultórios, encontramos pessoas com sofrimento emocional, conflitos ou distúrbios psicossomáticos, que buscam autoconhecimento. O que é raro, mas real. Além disso, outra questão controversa é exatamente a pergunta que leva o título desta seção: “Como o psicólogo pode me ajudar com meus problemas?”. Quando alguém recebe a indicação de procurar um psicólogo, normalmente é a primeira dúvida que surge à mente. Algumas variações dessa interrogação são: “O que ele vai me dizer que eu já não saiba?”, “Ele vai ficar lá parado só me ouvindo? Se for assim, prefiro conversar com meu cachorrinho…”. Ou então: “Minha irmã foi a um psicólogo e detestou, ele não entendeu nada do que ela disse e deu conselhos que ela não concordou…”
A Tendência de Generalizar Experiências
Por isso, é importante esclarecer essas dúvidas tão frequentes. O primeiro ponto fundamental de todas elas é que as pessoas tendem a generalizar a experiência vivida com um profissional para todos os outros. Ninguém reclama de médico que não escuta, não entende o problema e dá diagnóstico errado, mas muitos vivem isso no consultório. Nunca mais vou a médico algum!!!”. Embora essa afirmação pareça estranha, ela costuma ser aplicada à psicoterapia. De fato, uma frustração vivida com um terapeuta em particular é generalizada para todos os outros. Feita essa ressalva, podemos dizer que os benefícios de uma psicoterapia de qualidade são:
(1) Expor dificuldades em ambiente de confiança e sigilo traz alívio inicial, permitindo catarse e reflexão;
(2) As dificuldades nas relações pessoais muitas vezes se repetem com o psicólogo, permitindo tratar padrões de interação prejudiciais. A terapia ajuda a conscientizar como nos relacionamos, possibilitando mudanças em direção a interações mais saudáveis;
(3) A possibilidade de ver as questões sob novos pontos de vista. O sofrimento mental limita nossa percepção e dificulta enxergar alternativas, devido à intensidade das preocupações;
(4) A terapia promove o autoconhecimento, ajudando a entender aspectos saudáveis e negativos que precisamos superar. Conhecer-se é a melhor forma de saber por onde começar.
A Terapia e a Autonomia Pessoal
A terapia não oferece respostas prontas, mas respeita a autonomia de cada pessoa em construir seu próprio caminho. A proposta terapêutica é ajudar o indivíduo a refletir, superar a si mesmo e ser autor de sua própria história.
E se eu quiser resolver meus problemas sozinho?
É claro que nós temos condição de resolver grande parte dos problemas vividos no dia a dia. Mas existem situações que nos trazem maior desconforto e dúvidas. Nesses casos é bom ter alguém com quem contar para aliviar o peso das dificuldades. Acredite, falar com alguém, dividir as angústias e aflições é mais benéfico do que se pode imaginar, ainda mais se a pessoa que nos ouve o faz com respeito, atenção e compreensão. O psicólogo é o profissional com treinamento para saber ouvir e lidar com as questões trazidas pelo paciente, utilizando sua abordagem e suas técnicas para melhor tratamento dos problemas.
Quando Devo Procurar um Psicólogo?
A busca por um psicólogo ainda é cercada de mitos e resistências em nossa sociedade. Muitos acreditam que a psicoterapia é destinada apenas a pessoas com “problemas graves” ou em situações de crise extrema. No entanto, assim como cuidamos da saúde física de forma preventiva, nossa saúde mental também demanda atenção e cuidado contínuos.
O Sofrimento como sinalizador
Em primeiro lugar, é importante reconhecer que o sofrimento emocional é um indicativo válido para buscar ajuda. Sentimentos persistentes de tristeza, ansiedade incapacitante, irritabilidade constante ou apatia prolongada não devem ser normalizados como “fases da vida”. Quando essas emoções começam a interferir significativamente no trabalho, nos relacionamentos ou na qualidade de vida, é sinal de que algo precisa ser investigado e trabalhado.
Além disso, padrões repetitivos de comportamento – como sempre escolher parceiros emocionalmente indisponíveis, autossabotar-se profissionalmente ou engajar-se em conflitos familiares recorrentes – são fortes indicativos de que questões inconscientes merecem atenção. A terapia oferece um espaço seguro para identificar e ressignificar esses padrões.
A psicoterapia é indicada para quais casos?
Algumas situações específicas podem servir como gatilhos para procurar terapia.
Perdas significativas. Lutos (não apenas por morte, mas por divórcios, demissões ou mudanças radicais) podem desestabilizar e exigir suporte profissional para serem elaborados.
Transições de vida. Momentos como entrada na faculdade, mudança de carreira, aposentadoria ou nascimento de filhos trazem desafios emocionais que muitas vezes são subestimados.
Traumas. Experiências passadas ou recentes de abuso, violência ou acidentes podem deixar marcas que interferem no presente.
Outros tipos de demanda podem ser:
• Para quem se sente deprimido
• Sofrimento com ansiedade
• Sensação de vazio, vida sem sentido
• Dificuldades de relacionamento (social, conjugal)
• Fobias (medo intenso de coisas, lugares ou pessoas)
• Insegurança excessiva
• Dificuldade de adaptação a mudanças (uma nova casa, um novo emprego, uma fase diferente da vida)
• Doenças de fundo emocional (psicossomáticas)
• Necessidade compulsiva de agradar os outros
• Pensamentos repetitivos
• Transtorno alimentar
• Ciúmes excessivo
• Para quem deseja desenvolver habilidades sociais (fazer amizades, falar em público)
Esses são alguns exemplos que não esgotam as indicações para tratamento. Se você se identificou com algumas destas questões, procure um psicólogo. Muitas pessoas que fazem psicoterapia pela primeira vez, e se beneficiam com o tratamento, lamentam não terem começado antes!
Sintomas psicossomáticos
Nosso corpo fala o que a mente muitas vezes não consegue processar. Dores crônicas sem causa médica definida, insônia, alterações abruptas de apetite ou fadiga constante podem ser manifestações de conflitos emocionais não resolvidos. Um psicólogo pode ajudar a fazer essa conexão entre corpo e mente.
O lado preventivo da terapia
Vale ressaltar que a psicoterapia não serve apenas para “consertar” o que está quebrado, mas também para fortalecer recursos internos e promover autoconhecimento. Nesse sentido, muitas pessoas procuram terapia para:
– Tomar decisões importantes com mais clareza
– Melhorar habilidades sociais e comunicação
– Entender melhor suas emoções e necessidades
– Desenvolver inteligência emocional
Nesses casos, a terapia atua como ferramenta de crescimento pessoal, não apenas de reparação.
Romper o estigma: Não existe “problema pequeno demais”
Culturalmente, ainda há a ideia de que “precisamos aguentar sozinhos” ou que buscar ajuda é sinal de fragilidade. Na verdade, reconhecer a necessidade de apoio é um ato de coragem e autoconhecimento. Se algo causa sofrimento ou limita seu potencial, então merece cuidado, independente de parecer “pequeno demais” para os outros.
Não há um momento universalmente “certo” para procurar um psicólogo, mas sim sinais individuais que indicam quando essa pode ser uma boa escolha. Se você se identificou com algum dos pontos mencionados ou simplesmente sente que poderia estar vivendo com mais equilíbrio, esse já é um bom motivo para considerar a terapia.
O processo psicológico oferece um espaço único de escuta sem julgamentos, onde você pode explorar suas dificuldades e potencialidades. Lembre-se: cuidar da saúde mental não é luxo, mas necessidade básica para uma vida equilibrada e significativa.